De toda a água disponível no planeta, 97,5% é salgada e apenas 2,5% é doce. Desta última parcela, 99,7% encontra-se em calotas polares e lençóis profundos de difícil acesso, enquanto apenas 0,3% encontra-se em rios e lençóis subterrâneos pouco profundos. Dessa pequena parcela de água doce disponível para consumo no mundo, 14% encontra-se no Brasil. Porém, deste montante, 73% está disponível na região amazônica, habitada por menos de 5% da população. Já a região sudeste, habitada por 43% da população, dispõe de apenas 6% desse total.
Em Julho de 2010, a Assembleia-Geral das Nações Unidas reconheceu oficialmente o acesso à água potável própria e ao saneamento como direitos humanos essenciais para o pleno gozo da vida. A decisão ressalta a importância do acesso equitativo como componente da realização dos demais direitos.
Hoje, o mundo vive um quadro alarmante no saneamento: 2,5 bilhões de pessoas não contam com saneamento básico e 780 milhões de pessoas carecem de acesso à água potável (ONU, 2014). No Brasil o número é de 35 milhões sem acesso à água potável e mais de 100 milhões à coleta de esgotos.
Doenças provocadas pelo consumo de água contaminada, como diarreia, cólera, meningite, hepatites A e E, febre tifoide e disenteria matam cinco milhões de pessoas por ano – 10x mais do que as guerras. Estima-se que 60% da mortalidade infantil tenha essa mesma origem.
Somado a esse cenário extremamente preocupante de descaso e falta de governança hídrica, vivemos um momento crucial da história, quando os países discutem acordos sobre como lidar com a mudança do clima, que tem causado alterações importantes no regime de chuvas e na disponibilidade de água em várias partes do mundo, com consequências graves, sobretudo para as populações mais pobres.
Em 2015, um em cada três municípios decretou estado de emergência por causa de estiagem, a maior parte na região Nordeste do Brasil. A Grande São Paulo chegou muito perto de um colapso no abastecimento de água para seus 20 milhões de habitantes.
Assim, vivemos um quadro de estresse hídrico, população com falta de acesso à água de qualidade, sem saneamento básico abrangente, doenças relacionadas a essas deficiências silenciosamente matando pessoas, mudanças climáticas, crise hídrica em diversas regiões do mundo e segundo previsões da ONU, a demanda global por água pode ultrapassar em 44% os recursos disponíveis anuais até 2050.
Como olhar para esse cenário e não ter nenhuma atitude? Água é Vida e cada gota é o reflexo das atitudes de cada um de nós.